Quisera vencer meus dias assim: Peito pro alto... fitando letras...
Lá fora o Sol a pino
Notas zumbindo de uma guitarra maltratada
Entre gemidos recém-nascidos
E os pios dos pardaizinhos cantando à-toa
Ninguém que os perceba.
E essa desídia de ser
Essa “desidéia”
Essa “desfigura”
Essa “desforma” do ter
Bordadas pela mácula transparente que os cílios sentem sem saber.
Almejar.
Mais que desejar: Venerar.
A formiguinha diante do pirulito caído...
Aquilo que não se compra. Não se conquista.
Dádiva; suspiro de olhos-rasos-ocos perdidos.
Conectado ali estarei, mesmo no segundo último
Antes de tornar-me uma vaga idéia em quem eu quis
A essência reabsorvida àquele vácuo
Entre um mero existir e o infinito nada
Serei, assim, um devanear encantado, uma rima,
Uma poesia.
Sua saudade diluída na balbúrdia de si mesma.
Vida sem riscos: melhor fosse meu avô na tumba
E se tuba não tivera o pobre “bebum”?
Antes terra na cara a engolir esse antiestilo de viver.
“O”: essa letra é a eternidade.
Qualquer uma:
Letra. Eternidade.
Cada perenidade não é mais que um piscar.
Entretanto, vou processar celebridades por tentarem me invadir com sua privacidade.
Vou fazer a lista dos cem mais miseráveis da revista “Fomes”
Vou por no meu perfil da Internet as minhas mais loucas taras
Vou revelar qual é o nome que me tira do ar.
Refeição matutina: uma xícara de passado,
Dois futuros estalados e a musa, despudoradamente, nua sobre a mesa.
A mesa do presente devidamente forrada com a toalhinha da ambigüidade-caos.
Já que todos se enganaram: na verdade é o “agora” quem não existe!
Sim, “QUEM”!
Ele já nasce morto.
Acéfalo.
Sem perspectiva nem história.
São as mãos num córrego por entre pés ladeados (passado e futuro) que contam.
Somos a passagem, as águas frias mornas quentes!
Pr'além do tempo, dos pés, do córrego, das mãos, da história, da morte, da vida...
Nunca nos bastaremos: estamos fora do alcance da mesura mais precisa.
Visto que sou pó, irrito as narinas alérgicas de deus
E deus é sumidade adivinhada pelo sábio selvagem atormentado sob trovão.
Tenha fé.
Acordo um de verdade (selvagem? deus?) com meu cetro melancólico
Aconchego de bicho domesticado e de estimação
Visto-me daquilo do que foge e molha de pavor o cínico:
Qualquer afeto mais tolo.
Já que “é carência, gostar”.
Também o é, carência, engolir-cuspir atmosfera.
Não será?
Vis-à-vis, eu pra tu, que não pára em pé, que tem rude movimento,
Zanze assim - olhos sem face. Face sem olhar.
Lágrima caçando autor de si. Autor calçando um vão no firmamento -
Suplico: dê ombros à frieza sombria, sóbria e coerente:
Ponga nas horas. Ri dos segundos atarefados.
Viça: sê mais um apaixonado ante existir.
Epifania.
12 comentários:
Agridoce!
Dizem que a tequila também o é.
Galdino!!!!!
Demais de demais!!!
"Roubei emprestado" e coloquei no meu space também!!!!
http://brushabrazil.spaces.live.com
Queremos mais!!!!!
Trilhares de beijinhos...
Palavras lindas, colocadas da melhor forma possível!
Lindo, Galdino! Lindo demais!
beijão!
Ah, acredito que qualquer amotoado de palavras colocadas aqui jamais chegarão perto de tocar em você como boa ou má análise deste poema. Quando se escreve, tão bem assim, os elogíos vêm, mas mesmo assim a gente ainda se sente meio distante do ideal, que seria ele, um elogio vindo da inspiração. Mas apesar de não me achar o melhor cara pra expressar coisas a esse nível, insisto a me juntar aos outros e dizer, com todo o poder que houver, que este poema é: perfeito.
Forte abraço!
mácula transparente que os cílios sentem sem saber.
só isso traduz o que o coração sentiu depois dos olhos terem te lido nesta manhã de domingo.
lindo, galdino! parabéns!
um abração destas bandas do maranhão.
Puxa, Galdino!!!
"Epifania" é embriagante!!!Eu não bebo mas a sensação deve ser a mesma que tive após ler seu poema
Demais!!!
Parabéns, novamente!!!
(sem comentários) Palavras faltam...
AMO!!!
"Vou fazer a lista dos cem mais miseráveis da revista “Fomes”"
Ótemo.
Parabéns !!
Belo...
Não sei se entendi de menos a ponto de não saber explicar o que li; ou se entendi demais a ponto de não saber explicar o que senti.
Experiência maravilhosa.
Brilhante!
Agora também estou no universo blogástico!
O meu ainda está em construção, coisas do meu professor.
Estou aguardando o próximo post!
Um beijo!
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